segunda-feira, 5 de julho de 2010

Estilete


As lágrimas que caiam não eram nada comparadas com a dor que sentia. As mãos tremiam. Ela já não sabia distinguir a chuva das suas lágrimas – talvez, a chuva fossem as lágrimas. As pessoas a viam sentada naquele banco, derramando lágrimas. Alguns apontavam, outros passavam direto. Ela não ligava. Seus olhos estavam embaçados. Ela tentava se fixar. O estilete há muito guardado em seu bolso, agora parecia chamar atenção. Ela lutou. Ela resistiu. Ela sabia que não ia agüentar muito, as feridas não estavam cicatrizadas. Mesmo assim a vontade foi maior. Procurou um banheiro em uma lanchonete qualquer e trancou a porta. O estilete já estava na sua mão. Ela tentou, até o ultimo segundo, se controlar. O som da carne se cortando e o a dor lhe encheram de culpa e prazer. O sangue escorria, e ela olhou para a imagem deformada de si mesma antes de cair no chão sem vida.

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