quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Em uma noite perdida.


― Olá, querido. Me dê uma dose de Ballantine's hoje. Será suficiente. ― Disse a garota, que não aparentava ter mais do que dezoito anos, para o bartender.
Ele saiu para atender o seu pedido. Em questão de segundos, alguém sentou do seu lado.

― O que uma moça tão jovem está fazendo tomando whisky? ― Disse o rapaz, que também não aparentava ser velho. Talvez alguns anos mais velho que ela.

― O mesmo que você está fazendo tomando vodka. ― Ela retrucou, apontando para o copo na mão do rapaz.

― Touché! ― Disse ele, rindo. ― Mas você ainda não deve estar na casa dos vinte.

― Tenho vinte e três anos. ― Disse, virando o rosto. Não queria conversar com estranhos essa noite.
Não na noite que tinha sido dispensada pelo noivo.

― Então estou enganado, de novo. Meu nome é Rupert. E eu tenho vinte e seis. ― Ele disse. ― Qual o seu nome?

― Victorie ― Disse.

― Então, Vic. Posso te chamar assim, não posso? ― Ele deu um sorriso.

― Não. ― Disse. Alguns poucos segundos depois, sua bebida chegou. Ela deixou seu dedo passear pela borda do copo, olhando para o nada.

Ele a ignorou. ― Então Vic, o que você está fazendo sozinha aqui?

― Tomando whisky, como você mesmo falou. ― Victorie disse.

― Você não me quer por aqui. ― Rupert falou, seu sorriso tornando-se uma carranca.

― Nossa amigo, demorou para entender, né? ― Disse ela tomando um gole da sua bebida.

Rupert foi para sua mesa de origem. No mesmo minuto, ela ficou com peso na consciência. Não tinha o direito de ser grossa com alguém que mal conhecia só porque seu dia tinha sido uma merda. Resolveu se redimir.
Colocou uma nota no balcão e andou até a mesa do garoto-homem que havia lhe abordado.

― Ei, Rupert. ― Ela chamou sua atenção. ― Desculpe-me.

― Não. ― Disse ele, seco.

― Você tem toda razão de ser um ignorante comigo. Mas é que meu dia foi uma merda. ― Disse ela, puxando a cadeira para sentar. ― Meu noivo acabou de terminar nossa relação.

― Você deve ser muito chata então. ― Ele ainda tentava ser grosso, mas em sua voz havia um tom de riso.

― Sou. ― Ela sorriu. Ficava linda sorrindo. ― Eu estava sendo grossa sem motivo. Estou sendo sincera quando peço desculpas.

Ele deu um meio sorriso. ― Ok, eu te desculpo. Mas só se você deixar eu te pagar uma bebida.

― Eu já paguei a minha, e não quero ficar bêbada. ― Disse ela. ― Mas tenho outra ideia, que tal irmos a praça que tem do outro lado da rua?

― Mas... ― Ele hesitou.

― Vamos, é só uma noite! E pode me chamar de Vic. ― Ela sorriu.

― Está bem, então. ― Falou Rupert. ― E me chame de Rup.

E saíram de braços dados.
Como se fossem velhos amigos.

4 comentários:

  1. Tão doce, tão suave... Quero uma noite assim. Sem a parte de ser dispensada pelo noivo.

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  2. Gente, eu tive uma pré-estreia vip desse texto. Maior honra, né? Por isso que ficou tão lindo assim. não

    Vou fazer de conta que não tinha contado pra Sofia: Adorei o texto, So.

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  3. Eu sei que isso não é novidade pra ti, eu sei que a grande maioria das pessoas que lêem os teus textos acabam por dizer exatamente isso "tu escreve muito bem". De qualquer jeito, não vou ficar dando voltas e fingir que vim aqui dizer muito mais do que isso - embora tu mereça. Enfim, texto ótimo, blog ótimo, tu escreve muito, muito bem.

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  4. Penso igualmente a Ná, quero uma noite tão linda quanto essa.

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