domingo, 5 de dezembro de 2010

Esse mundo é pequeno demais para dois arrogantes.


Gostava do outono. E do inverno. Da primavera também. Mas odiava o verão.
Definitivamente, sempre odiou o verão. Era a pior época do ano para Emily.
Era a época do ano em que ela tinha que viajar com os pais para a praia.
E ela simplesmente odiava a praia. Tinha coisa mais odiosa? Sol, crianças, família, protetor solar...
Nesses dias que era obrigada a aguentar o que ela odiava, tentava relaxar.

— Emily, querida. — Disse Samantha em um dos seus ataques de falsidade. — Por que não toma uma coca e conversa um pouco?

A garota suspirou. — Essa é a décima vez que eu falo que não gosto de coca. Mas vou acrescentar algo: Não gosto de você. Me deixe em paz.

— Emily! Deixe de ser grossa com sua amiguinha! — Disse sua mãe.

— Por favor, né mãe? Amiguinha? Eu não a suporto! E aliás, eu tenho 16 anos, não seis.

Emily saiu de lá com passos fortes.
Ela não pertencia a aquele lugar e sabia disso.
Só não sabia a que lugar pertencia.

— Urgh! — Murmurou chutando uma pedra.
Seu pé começou a sangrar.

— QUE MERDA! — Gritou ela, ainda com raiva de tudo. Mal conseguia sentir a dor, mas conseguia ver o sangue.

Alguém correu até ela. — Você está bem?

— Eu pareço estar bem? — Rebatou ela, levantando a cabeça.

Era simplesmente o garoto mais lindo que ela já tinha visto. Seu cabelo era ruivo e seus olhos extremamente azuis. Ela sentia como se pudesse afundar neles.

— Só tentei ajudar. — Disse ele, meio chateado. — E vou, você não vai conseguir andar.

— Vou conseguir andar sim! — Ela falou, com raiva. Deu três passos e quase caiu de cara na areia.
Só não caiu porque ele a segurou.

— Como é seu nome? — Perguntou ele.

— Emily. — Respondeu.

— Bem, Emily, o meu é James e você vai me falar onde é sua casa.

— Porque eu faria isso?

— Porque se não o fizer, não tenho como te deixar em casa e vou te deixar aí.

Ela podia não ter gostado do jeito arrogante dele, mas ele tinha um argumento. Um bom argumento.

— Tá. — Ela começou a explicar e gritava, agitando as mãos, quando ele não acertava o caminho.

Depois de uma hora, eles chegaram na mansão enorme.

— Bem, está entregue. — Ele falou, sorrindo. Ela também sorriu.

— Obrigada. — Emily disse, envergonhada.

— A Srta. dona-da-verdade me agradeceu? Nossa! De nada. — Ele falou brincando. Eles riram.

— Desculpe, você tem o direito de falar isso mesmo.

Ela o beijou.
E não foi nenhum devaneio de sua cabeça. Ela realmente o beijou.

— Desculpe por isso também. — Ela riu, batendo na porta e gritando "Mãe!"

Ele sorriu, virou as costas e foi embora.
Não sem ver ela mandar um beijo, e dar tchau.

A estação favorita de Emily é o verão.
Ela partiu para sua casa no dia seguinte.
Eles nunca mais se viram.

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