Like you stole me.

É normal prestar atenção no vocalista de uma banda, afinal, ele é a voz da banda. Mas o que a Emily fazia não era prestar atenção, era devorar cada pedaço de Jonas. Os outros membros até pareciam decoração. Ela só tinha olhos para ele.  As pessoas percebiam e até evitavam passar na sua frente pra não quebrar a atenção da garota.

Ela nem piscava.

– Então galera, a gente vai dar uma paradinha rápida e outra banda vai subir! É rápido gente, juro. Não precisam se desesperar. – O garoto deu uma risadinha e o coração da garota quase parou. Ela sorriu junto.

Quando eles desciam, ela começou a encarar as mãos como se fossem as coisas mais interessantes do mundo, até escutar a voz dele bem perto dela. – E aí, como foi?

– Foram ótimos! De verdade, eu adorei. – Falou a garota, aproveitando pra ver ele mais de perto. Eles eram amigos há uns bons anos, mas sempre que podia ela decorava cada poro de sua face. Sua boca vermelha, seus olhos azuis e grandinhos - ela podia se afogar neles, seu cabelo que o garoto não aceitava que era loiro escuro, e sim castanho claro. 

Emily parecia até uma maniaca por Jonas. 

– Que bom! Depois de tanto tempo enrolando pra vir em um dos nossos shows, eu achei que você tava tentando despistar porque sabia que somos péssimos! – Ele riu. Ele ria toda hora.

– Claro que não, Jonas! Você canta muito bem. – Ela disse, abrindo um daqueles sorrisos que só se abriam quando ela estava com ele.

– Posso falar o mesmo de você, Ems! Vou pegar uma bebida e já volto, tá? 

– Tudo bem. – Ela falou, olhando pra frente e entrando no mundinho dela novamente. Ela conseguia se ver num dos instrumentos que estavam a sua frente. Os pés ligeiramente pra dentro, suas pernas finas, seu olhos verdes, seu cabelo preto caindo por suas costas. 

Logo Jonas estava ao seu lado novamente. Ela sempre tinha que olhar pra cima pra falar com ele, afinal, Jonas tinha 1,83m, enquanto ela tinha 1,56. 

– Ei, nanica. Você tá muito quietinha hoje. – O loiro disse. – Que tal se animar um pouco mais?

– Não é nada de animação não, Jon! Eu só tô meio cansada, só isso. – Emily sorriu pra o amigo.

O amigo que ela tanto amava em segredo. Só queria poder estar com ele nos seus braços. Mas não podia, era arriscado demais ao menos tentar. Jonas sempre foi especial demais para se perder, e ela não queria ser uma das garotas que ela sempre viu com ele. E ela sabia que ele nunca ia querer nada com ela.

Mas ela queria tanto ele. 

– Quer que eu chame um táxi para você? – Perguntou, preocupado.

– Não, não! Eu vou ficar até sua última música, pra poder falar quando você for famoso que você era meu amigo e que eu assistia seus shows até o final. – Riu.

– Você sempre será minha amiga. Não fale como se eu fosse me esquecer de você se um dia eu ficar famoso. – Disse sério. Ela sabia que ele não gostava de imaginar os dois não sendo amigos.

Mas porque doía tanto saber que ela sempre seria amiga dele? Talvez porque sempre fosse só isso. Ela só desejava beijá-lo. E abraçá-lo. E amá-lo. E cuidar dele nos dias que estivesse doente. E brigar com ele quando ele estivesse de porre depois de muita cerveja.

Pular em seus braços porque não aguentaria ficar separada dele por um dia sequer. E não precisar procurar ele na multidão e fingir que não tinha visto ele antes, porque ele sairia junto com ela. Abraçado com ela, pro mundo inteiro ver.

– Ems? – Jonas chamou a amiga pra vida real.

– É claro! Sempre serei, você vai me sustentar com sua imensa fortuna. Vou morar na sua mansão que será tão grande que você nunca vai me ver. – E soltou uma gargalhada. – Sabe de uma coisa, Jon? Vou aceitar aquele táxi, eu estou mesmo precisando de um descanso.

Ele ligou pro táxi, dando sorrisos de canto para ela quando parava pra escutar o outro lado da linha. Mas ela não iria descansar nesta noite, nem na próxima ou na outra. Ela sempre passaria tempo demais pensando nele e acordaria tarde no outro dia, depois de sonhar com ele.

Ela passaria o tempo que deveria estar no show pensando nas coisas que devia ter feito e não fez. 

Ela devia ter o beijado.

Ela devia ter dito "eu vou ser mais do que sua amiga".

Ela devia ter controlado seu coração e sua mente.

Ela devia ter feito o certo para ela. 

Amar doía. Viver também.

E tentou não olhar para trás quando caminhou para saída da casa de shows mas foi impossível, ela sempre ia querer mais dele. Ela sempre iria se agarrar a cada pedacinho que tivesse dele a sua disposição.