Desfalecer

Amy White. O nome fazia minha espinha gelar, mesmo sendo meu nome. Poderia ser meu nome, mas quem era eu, agora? Eu era o nada. O vazio. O preto no branco. Não podia mais sentir minha pele, porque ela não era minha verdadeira pele. Era a pele de uma assassina, uma suicida, a pessoa que matou sua própria vida. O corpo do homem estava em meus pés. Eu tinha algo a ver com isso. Era a morte. Eu era a morte. O sangue estava espalhado pelo chão, mas meu trench coat estava branco, como sempre foi. Depositei um beijo em sua testa, antes de resolver sair.

"Adeus, vida." E a frase ficou naquele pequeno quarto branco, onde eu havia feito, novamente, o meu trabalho.

Não conseguiria mais adiar, só restavam dois nomes. Dois nomes de uma lista. Os únicos que não estavam riscados. Seria ele primeiro. John Stewart. Fui até o seu amplo apartamento. Os vidros deixavam tudo mais perigoso. Qualquer um poderia ver. Porque não Morgana? Porque não Morgana White? Soava mais como o que eu era. A morte.

"John?" Chamei. Ele não respondeu, devia estar dormindo. E estava. O sofá estava tomado pelo corpo dele. "John, acorde, meu amor."

Ele acordou, assustado. "Oh Amy, é você."

"Quem mais seria, John?" Perguntei.

Sua face ficou transtornada. "Eu recebi uma ligação ontem, dizendo que eu estava em perigo de morte."

Fingi surpresa. "John! Isso é sério."

"Eu sei Amy, mas você está aqui, é tudo que eu preciso." Um punhal atravessou um meu peito.

"Acho melhor pegar uma bebida." Falei, indo para cozinha. Seria fácil. Derramei o pó na cerveja antes de entregá-la para ele.

"Amy, você é um anjo" Ele disse, tomando um gole. Foi o suficiente.

"Não amor, eu não sou. Me desculpe." Mas ele já estava morto quando meus lábios tocaram os deles.

Lágrimas desciam pelo meu rosto. Ou seria o rosto da morte? Eu já não sabia mais. "Me desculpe, John. Eu te amo."

E eu risquei os dois nomes da lista. "Adeus."

E tomei de suas mãos a bebida, em seguida tomando tudo que restara em um só gole.

Foi minha ultima lembrança.