terça-feira, 8 de janeiro de 2013

“Um band-aid no coração”



Você já sentiu como se estivesse caindo em um abismo? Como se o chão tivesse se aberto repentinamente?

Bem, eu estava começando a me sentir desse jeito. Não tinha adiantado nada eu jurar por quatro anos que eu não tinha o mínimo sentimento por ela. Adiantava no começo, quanto eu a via sozinha, e eu tinha certeza que ela me pertencia.

Isso soa muito egoísta, já que eu nunca a deixei ao menos imaginar que eu era totalmente dela. E eu era dela desde o primeiro sorriso.

E assim seguiu, durante mais de três anos. Até que eu soube que ela, a minha garota, estava namorando. Posso dizer que achei muito estranho, já que eu não a via com ninguém.

E então... veio a foto. Ainda ignorei, mentindo para mim mesmo que era só um amigo.

Mas não consegui me manter afastado. A garota tinha um imã que me puxava para ela, porque o som da sua voz já atraia meus olhos para ela. Não tinha algo mais angustiante para mim ler a decepção em seus olhos, e algumas vezes, o medo. Eu simplesmente não conseguia não ter raiva de mim em momentos como aqueles.

Seguiu-se um ano inteiro assim, eu me enganando nos braços de outra pessoa e fingindo que ela ainda era minha.

E logo agora, quando eu conseguia me manter afastado dela por um pequeno tempo, veio o baque. Eu não conseguiria mais mentir para mim depois daquilo.

Ela estava beijando alguém, alguém que não era eu. E ela beijava mais apaixonadamente do que qualquer beijo que eu havia dado na garota que estava ao meu lado.

Depois de tanto tempo, eu não lembro porque havia decidido me afastar dela antes mesmo de começar algo além da nossa amizade.

Eu queria falar que ela era minha, eu queria arrancá-la de lá. Mas eu não podia, porque a culpa de não ser eu ali era inteiramente minha. Será que eu veria de novo seus olhos que me castigaram durante todo esse tempo? Só a incerteza da sua possível indiferença a mim já me causou medo. E em todos esses anos eu implorava aos céus que ela parasse com todos aqueles olhares, porque uma hora ou outra eu não aguentaria mais.

Consegui, com muito custo, colocar minha expressão de “não estou nem te vendo aí” e segui a garota que eu deveria amar.

Quis matar ela quando vi pra onde ela me guiava. Perto dela e daquele intruso. Perto o bastante pra escutar cada palavra que eles falavam.

“Ei, mô” O garoto-intruso chamou. Eu queria mandar ele não a chamar de nenhum apelido, aliás, não chamar ela. Só eu deveria ter esse direito.

“Hm?” Disse minha garota, que estava absorta em seus pensamentos.

“Você sabe que mesmo eu não sabendo um pingo de inglês, mesmo não gostando de ler tanto quando você, mesmo não tendo a capacidade de cantar como você canta nem de tocar um instrumento musical pra fazer uma serenata, nem de lembrar de todas as coisas que você me contou sobre você nem mesmo conseguindo ver beleza em tudo menos em mim como você faz, eu te amo, né? Eu te amo e eu precisava falar isso. Você é uma das pessoas mais importantes da minha vida e eu não quero te perder. E eu sei que você não gosta quando eu te elogio ou quando digo que te amo, mas eu precisava falar isso antes de você me bater” Ele riu e eu senti meu coração apertando. Eu nunca tinha dado espaço pra ela me mostrar esse lado dela. Mesmo com raiva daquele garoto, isso só me fazia a amar ainda mais.

Ela sorriu. Acho que foi o sorriso mais lindo que eu vi dela – pensando bem, o mais bonito que eu vi sem ser dela mesmo. Era puro e sincero, não tinha aquele toque de tristeza que todos os outros que eu havia visto tinham.

“Deixa de ser bobo, mocinho. Amo você e obrigada por ter ficado ao meu lado quando eu queria sumir desse mundo. Agora chega, que eu não sou boa com declarações verbais. As minhas sempre parecem falsas e forçadas, mas são verdadeiras.” Ela disse, brincando com o cadarço do tênis dele.

As declarações dela só parecem falsas e forçadas em seus ouvidos. Nos meus, cada palavra foi pura e sincera como o seu sorriso. 

E podiam ser direcionadas a mim, se eu não tivesse a afastado assim, repentinamente, como se ela fosse um cão sarnento.

Ela não o amava tanto quanto ele a amava, mas mesmo assim amava o bastante. Eles brincavam e cantavam e eu notei que ela nem ao menos havia olhado pra mim, mas não do jeito que eu havia imaginado. Eu imaginei que ela não iria olhar para mim com ódio do que eu fiz ela sofrer, mas ela parecia simplesmente não me notar quase ao lado dela. 

Eu errei. Eu tive quatro anos para consertar meu erro, e eu só o piorei. Eu a perdi e a culpa era minha e somente minha, não daquele menino que não merecia meu ódio e muito menos dela.

E pelo erro que eu não mexi um palito para consertar, eu agora me via perder o coração da garota que possuía minha alma.

~*~

P.S.: Eu escrevi esse texto em 2011, para me iludir mesmo, jurando que Ele um dia pensaria isso de mim ou coisa do tipo. Acho que eu só consigo compartilhar com "quem quer que seja" que leia o blog agora.

Sofia.

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