O
garoto dorme. Deitada do seu lado, a menina tenta decorar todos os detalhes de
seu rosto antes que seja tarde demais – o sinal do lado direito do rosto, perto
do olho; a boca ligeiramente muito grande; as sobrancelhas exageradas. Uma de
suas mãos passeia por seu cabelo, bagunçando-o ainda mais. A outra está fazendo
caminho no seu rosto, sentindo a maciez da pele ao seu toque. Ela não tem
certeza do porquê, mas uma ou duas lágrimas escorrem no seu rosto antes que ela
se dê conta de que está chorando.
Ele
acorda, a vê deitada a alguns centímetros a menos do que alguém responsável
diria ser aconselhável para um casal dessa idade e a beija. O bom dia dele faz
ela querer chorar um pouco mais. A voz dele é simplesmente celestial – e ela
não tem vergonha de admitir isso a ele em alto e bom tom.
Ela
sabe que resta pouco tempo antes que tudo isso acabe, que o outro lado da cama
dela se torne vazia mais uma vez, mas ela não se arrepende nem ao menos um
segundo quando deseja o garoto ao lado dela por todos os milésimos de segundos
durante todo o resto da sua vida.
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