domingo, 28 de dezembro de 2014

sobre o garoto que roubou meu coração

O garoto dorme. Deitada do seu lado, a menina tenta decorar todos os detalhes de seu rosto antes que seja tarde demais – o sinal do lado direito do rosto, perto do olho; a boca ligeiramente muito grande; as sobrancelhas exageradas. Uma de suas mãos passeia por seu cabelo, bagunçando-o ainda mais. A outra está fazendo caminho no seu rosto, sentindo a maciez da pele ao seu toque. Ela não tem certeza do porquê, mas uma ou duas lágrimas escorrem no seu rosto antes que ela se dê conta de que está chorando.

Ele acorda, a vê deitada a alguns centímetros a menos do que alguém responsável diria ser aconselhável para um casal dessa idade e a beija. O bom dia dele faz ela querer chorar um pouco mais. A voz dele é simplesmente celestial – e ela não tem vergonha de admitir isso a ele em alto e bom tom.


Ela sabe que resta pouco tempo antes que tudo isso acabe, que o outro lado da cama dela se torne vazia mais uma vez, mas ela não se arrepende nem ao menos um segundo quando deseja o garoto ao lado dela por todos os milésimos de segundos durante todo o resto da sua vida.

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