E lá estava ela, no mesmo banquinho, todos os dias ao final da tarde. O seu cabelo sempre preso num coque frouxo. Sua mão esquerda sempre possuía uma caneta, a mesma que corria pelo pequeno caderno que a garota sempre trazia. A outra ficava caída ao lado de seu corpo.
Inapropriado chamá-la de garota. Seus olhos traziam uma maturidade e paz que só quem passou por algo pode trazer. Qualidades de um idoso brincalhão alojadas no corpo de uma garota.
E lá estava ele, sentado em uma mesa qualquer da cafeteria em frente, observando-a. Era tão repetitivo – uma rotina –, ele já sabia o que aconteceria. Uma pena que a distraída garota, não. Ela fecharia o caderno após uma hora e meia e seguiria para a cafeteria, onde pediria um café expresso enquanto ele pagava e ia embora.
Em um dia desses muitos, ele estava chorando. Sua vida estava tão bagunçada que a única coisa que ele acreditava era nela. Ele sabia que amanhã ela ainda estaria no banco, como o usual.
Ele resolveu que era hora de falar com ela. Não importava suas lágrimas e sua cara inchada e vermelha do choro.
― O que foi?
― Prefiro Rupert.
― Mas meu nome é Paul. ― Disse o garoto, confuso. Sua voz ainda estava embargada, o que dava a impressão de um menino mimado e birrento.
― Mas eu tinha pensado em você como Rupert. ― Disse ela, dando de ombros. Seu coque caiu e foi a única vez que Paul havia visto seus cabelos soltos.
Ela era muito pálida, mas não aquele pálido de doença. Sua palidez era saudável, tanto que ela estava meio corada. Havia pequenas sardas espalhadas pelo rosto e braços. Seus cabelos eram negros, e totalmente lisos. Ela tinha os olhos castanhos tão brilhantes, que mesmo as pessoas de olhos claros gostariam de ter os seus.
Parecia a branca de neve. Só que real.
Ele, pelo contrário, tinha cabelos de fogo e cacheados. Seus olhos eram azuis, mas ele era igualmente branco.
― Que seja Rupert, então.
― Claire. ― Disse.
― É seu nome real?
A sua face entregou que não. ― Por que está chorando?
― Só alguns problemas. ― Disse, sentando-se ao lado dela. Sentia-se como um intruso, acabando com a paz e a beleza que era vê-la escrever.
Mas ele não conseguia controlar. Precisava saber mais sobre ela.
― Se fossem só alguns problemas você não estaria chorando. ― Disse ela, séria.
― É.
Eles ficaram em silêncio por bons minutos.
― Claire? ― Chamou.
― Sim.
― Qual o pior sentimento do mundo?
Ela deu uma risada gostosa de se ouvir. ― Eu não sei.
Adorei. E o que eu mais achei interessante e fiquei com uma imensa curiosidade: Qual o nome real dela? Adoro textos que deixam esses mistérios.
ResponderExcluir-
"Deve ser bom tem um amigo." Acho que é 'ter'.
Beijos.
Lindo e é claro, eu te amo.
ResponderExcluirAi Sofia, como você é uma fofa! Adorei o que você quis passar com esse texto, eu realmente concordo com você. Amigos precisam deixar de ser amigos para viverem, uma pena a primeira vista.
ResponderExcluirUau, adorei o texto, parabéns! :)
ResponderExcluirMe identifico de cima à baixo, principalmente da parte em que ela se parece com a Branca de Neve, sabe... heh. Eu bem que gostaria de ter a coragem dele.
Como eu te disse, esse é o melhor texto que já li seu.
ResponderExcluirAdorei ele demais, e me orgulho MUITO por ter uma amiga escritora como você.
Te amo, Sofas.