— Florence, você vai se atrasar... — Disse sua mãe pela quarta vez.
Florence não ligava.
Ela nem queria ir a esse encontro ridículo.
— Já estou indo, mamãe. — Disse. Olhou sua imagem refletida no espelho e suspirou – um suspiro de derrota.
Sua mãe sorriu ao vê-la. Ela estava linda. Aliás, quando Florence não estava linda?
Tinha as feições do pai. E o bom-gosto da mãe. Era uma mistura perfeita.
— Eu te deixo lá. — Disse a mãe.
— Não precisa, Alexia vai passar lá e a casa dela é aqui do lado. Tchau, mãe. — E pegou a bolsa e saiu.
Lá fora, suspirou mais uma vez. Sentou na grama do jardim e seus olhos verdes fitaram o céu. Aquela cena podia ser poética a outros olhos, mas para a ruiva era só mais um dia ruim. E por dia ruim, ela quer dizer mais um encontro arranjado com alguém. Como odiava isso.
— Se pelo menos Fred estiv... — Não terminou. Pensar em Fred doía.
Ouviu a voz de Alexia e sorriu. — Você está maravilhosa, Flor!
— Se pelo menos eu estivesse indo porque eu quero, acho que aceitaria o elogio. — Sorriu triste.
— Não pense assim, dona Florence. Você não sabe o que pode estar te esperando. Vamos.
E a ruiva passou o caminho todo até o restaurante implorando para Alexia ajudá-la. Mas a garota acreditava no amor – mesmo que um amor de encontro arranjado – e não deu ouvidos.
— Boa sorte. — Disse.
E foi embora.
Florence se via sozinha mais uma vez. Se Amélie estivesse lá, ela não teria deixado a amiga passar por esse encontro.
O problema é que Amélie não estava lá.
E pensar em Amélie doía.
Florece definitivamente precisava de um cigarro.
Ela o viu de longe. Uma cabeleira escura e cacheada, exatamente como disseram que ele seria. E aconteceu exatamente o que ela tinha medo de acontecer.
Ele era muito parecido com o Fred.
Ela não iria suportar.
A próxima cena que o garoto viu foi uma ruiva correndo para a praça da frente.
— Você está bem? — Disse uma voz masculina, colocando a mão no ombro de Florence. Ela pulou assustada.
Era o garoto do encontro.
— Sim. — Florence disse.
— Você não sabe mentir. — Disse o menino.
Mas porque diabos todos os meninos pareciam com Fred?
Ela não olhou o rosto do garoto.
Ver o rosto de alguém com os mesmos cabelos de Fred era demais.
Ver os mesmos cabelos de Amélie era demais.
Os gêmeos não deveriam tê-la deixado aqui.
Sozinha.
Eles sabiam o quanto ela era fraca.
— O que você quer? — Perguntou ela, ríspida.
— Você não é a garota que deveria se encontrar comigo? — Ele perguntou, confuso.
— Sou.
Pausa. Alguns carros passaram e acabaram com o silêncio.
— Mas então...
— Não vamos ter um encontro. — Florence falou, virando a cara.
— Então podemos ter um não-encontro. — O garoto disse, rindo.
Florence não riu. — Qual o seu nome?
— Fred. — Falou.
A voz era conhecida agora.
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ResponderExcluirPerfeito...encantador como sempre Sofia.
ResponderExcluirLindo, mesmo. E eu estou sentindo sua falta, muita.
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