segunda-feira, 2 de maio de 2011

Válvula de Escape


— É a velha cena de sempre, tão clichê e vazia que eu não preciso mais detalhar. Você sabe o que vai acontecer, você sabe o final, conhece meu fraco por tragédias. Não tem que fingir surpresa. — Falou Tom, num tom de voz tão fraco que parecia mais um sussurro.

— Ah, meu bem... Essa é sua vida. Não é uma história num pedaço de papel. Você não escreve, você só vive... — Tentou argumentar a garota, mas foi interrompida.

— É que é tão difícil, sabe. Não dá pra fingir que eu não sinto nada. Uma história em um papel é tão mais segura, eu posso simplesmente me fazer um personagem que diz que não sente, mas na verdade, sente até demais. Aqui... Me sinto desprotegido. Não é o meu mundo. Meu mundo é um papel, onde eu choro e ninguém pode ver. Você pode ver as lágrimas que caem aqui, é claro. É tudo tão... intenso.

O jardim majestoso que estavam só parecia afundar mais o garoto. O céu cinza contrastando as cores das pequenas flores que o rodeavam certamente o faziam pensam que seria uma cena perfeita pra uma história.

Mas não era uma história, era a vida real. E isso ele não podia suportar.

Suas palavras eram aconchegantes, traziam ao garoto um sentimento de paz no vazio que sentia. Elas o aqueciam. A vida real era... Fria. Sem paz, só o vazio.

Ele preferia - e sempre preferiria - o seu mundo imaginário.

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